Os números do GPA/Casino no Brasil, em 2018, e o que eles nos dizem!
Os números são interessantes porque mostram um crescimento significativo e as bandeiras que o impulsionam. Também mostram caminhos, acertos e desacertos.
Na área de alimentos GPA FOOD, crescimento real de vendas (descontada a inflação) em 2018 foi de 12% (orgânico), e 6,9% (mesmas lojas). O número foi puxado pelo desempenho do Assaí (+ 23,3 % orgânico e + 9,7% mesmas lojas). A bandeira registra progressão contínua de volume e fluxo de clientes.
Já no Multivarejo (que compreende as bandeiras Extra, Pão de Açúcar, e as bandeiras de proximidade, Minuto Pão de Açúcar e Mini Extra), as taxas foram de + 2,5 % e + 4,8 % respectivamente. Os números parecem que foram agrupados estrategicamente.
Na bandeira Pão de açúcar, a transformação digital está continuando forte, 40% das vendas identificáveis são feitas com o uso do aplicativo “meu desconto”, que já tem mais de 7,5 milhões de usuários. Outros serviços sendo desenvolvidos são o pedido online e retirada nas lojas, e frete expresso (entrega rápida).
Em termos de numero de lojas, o grupo fecha com 863 lojas, sendo 112 Hipers Extra, 173 Supermercados Extra, 186 Supermercados Pão de Açúcar, 13 Supermercados Compre Bem, e 144 Assaí, 235 supermercados de proximidade, Mini Extra e Minuto Pão de Açúcar.
Comentando estes dados, verificamos então:
que o varejo pode ter e tem crescimento positivo, alguns formatos por demanda dos clientes, outros por opção das empresas por conta de estratégia, puxada pelo comércio eletrônico;
que os Atacarejos continuam em crescimento, significativo, e as empresas investindo nisso;
que os hipermercados estão com queda de vendas ou estagnados, atacados em uma frente (alimentar) pelos atacarejos e em outra, no não alimento, pelo e-commerce, precisando se reinventar;
verificamos então transformação destas lojas (hipers) em supermercados (neste caso do GPA Extra ou Compre Bem) ou de atacarejos, comprovando este fato;
que os investimentos na Bandeira Pão de Açúcar no digital (online e omnichannel) estão progredindo rapidamente e, para isso muito importante o crescimento do numero de lojas de proximidade;
que este crescimento de lojas de proximidade ainda não está ocorrendo no GPA, em meu ponto de vista, por não terem acertado ainda o modelo vencedor para o nosso mercado, mesmo com tanta experiência e exemplos da Europa;
neste ponto, concorrentes como o Carrefour, por exemplo, já tem um formato de loja melhor e foco em crescimento rápido pelos mesmos motivos – apesar de não ter um e-commerce ainda adaptados para isso, vai vir rápido quando esta infra estiver pronta, podendo então oferecer a linha de produtos de hiper com entrega nos supermercados;
observo ainda que, no varejo, o setor que ainda está iniciando (ou engatinhando) no e-commerce é o de supermercados, este exemplo do GPA mostra que é necessário que as empresas entrem “de cabeça” neste mercado;
o olho dos players ainda deve ficar acompanhando os passos da Amazon, que já pôs o pé no setor alimentar, e tem uma expertise diferenciada no e-commerce, além de estar verticalizando seu Marketplace (aumentando a venda direta ao invés de por terceiros), está crescendo quase 30% ao ano (contra média de 5% dos outros varejistas);
Cabe então esta reflexão da interpretação destas indicações para tomada de decisão nestes tempos de grandes mudanças e transformações.
Alain Winandy - Treinamentos de Gestão e consultoria
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